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Luiz Alexandre Wagner
Por Luiz Alexandre Wagner em 01 de Junho de 2023

Entenda como está o setor da indústria alimentícia no Brasil

A indústria alimentícia no Brasil está em um cenário “superpositivo”, e ultrapassou, pela primeira vez na história, R$1 trilhão em faturamento em 2022. 

A avaliação é da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), cujos dados mostram que o setor de alimentos e bebidas registrou aumento de 16,6% no faturamento e de 2,5% na produção em 2022 em relação a 2021. 

Mas o que influenciou um panorama tão favorável e quais as expectativas para  2023? Saiba como está o setor da indústria alimentícia no Brasil, o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo.

 

Fique por dentro do panorama da indústria alimentícia no Brasil

Panorama da indústria alimentícia no BrasilDe acordo com a Abia, a receita da indústria alimentícia no Brasil chegou a R$1,075 trilhão — somando exportações e vendas para o mercado doméstico—, o equivalente a 10,8% do PIB nacional.

E essa é a primeira vez que a indústria alimentícia no Brasil ultrapassa R$1 trilhão em faturamento, segundo Gustavo Bastos, o presidente do Conselho Diretor da Abia.

Porém o balanço fica ainda mais animador quando o resultado é analisado: 72% desse valor é referente ao abastecimento do mercado interno e apenas 28% é proveniente de exportações. 

Descontada a inflação do período (acumulada em 12 meses do grupo de alimentação fora do lar do IPCA-IBGE, em 7,5%), em termos reais, as vendas do setor avançaram 3,7%, segundo a Abia.

Para a associação, o faturamento se deve a um crescimento de 30% nas vendas externas e de 14,3% na receita do mercado doméstico. 

Dos R$770,9 bilhões gerados em 2022 no mercado interno, aliás, R$563,7 bilhões vieram do varejo alimentos e R$208 bilhões do food service (alimentação fora de casa).

Também em termos reais, as vendas da indústria para o food service cresceram 9,8% em relação a 2021, puxando o aumento no mercado doméstico e respondendo por 27% das vendas locais da indústria em 2022 — ante 26,4% em 2021. 

Resultado das mudanças de consumo ocorridas durante a pandemia, para Bastos os números indicam que o processo de fortalecimento do canal food service continuará ao longo dos próximos anos. 

Por outro lado, mesmo com a restrição causada pela inflação em 2022, as vendas da indústria de alimentos para o varejo alimentar brasileiro avançaram 1,7% em termos reais.

 

Exportações tiveram faturamento record em 2022

Já as exportações, que representam “apenas” 28% do faturamento da indústria alimentícia no Brasil, atingiram o faturamento recorde de R$304,4 bilhões. O número significa um crescimento de 30% em 2022.

Com isso, conforme a Abia, o país mantém seu posto de segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo. 

Foram 64,8 milhões de toneladas vendidas para 190 países no ano passado. Proteínas animais, farelos, óleos, açúcares e gorduras foram os produtos mais exportados no período.

Para o presidente executivo da Abia, João Dornellas, em 2022 o crescimento da economia mundial continuará estimulando o consumo de alimentos.

“Esse fator, combinado com a taxa de câmbio favorável, contribuiu para a expansão das exportações brasileiras de alimentos industrializados. Por outro lado, houve um investimento de R$23,6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, expansão de plantas fabris, compra de máquinas e equipamentos, fusões e aquisições”, afirma.

Segundo ele, o total investido significa cerca de 2,2% do faturamento total da indústria alimentícia no Brasil e também contribuiu fortemente para o desempenho do setor.

 

Veja os desafios da indústria alimentícia no Brasil 

Desafios da indústria alimentícia no BrasilHá muitos desafios para a indústria alimentícia no Brasil. E um dos maiores deles são as pressões generalizadas nos custos de matérias-primas agrícolas, energéticas e embalagens.

Para a Abia, o conflito entre Rússia e Ucrânia intensificou esse movimento. Um agravante foi a redução da renda da população, ocasionada no pela alta da inflação no ano passado e a elevação dos preços das commodities agrícolas, que impactou fortemente o custo de produção dos alimentos industrializados em 2022.

De acordo com a Abia, houve ainda aumento de 25% (diesel) a 30% (gás natural) nos combustíveis, e de 30% no custo de aquisição das embalagens. 

Juntos, esses aumentos geraram uma alta de 15% no custo industrial de produção de alimentos. O percentual ficou acima da inflação acumulada no ano do grupo alimentos e bebidas do IPCA-IBGE, de 12,0%, conforme a entidade.

Mas, para Dornellas, o movimento de recuperação da economia brasileira e mundial em 2023 deve contribuir positivamente para a expansão da produção e das vendas da indústria alimentícia nos mercados interno e externo.

Além disso, é preciso conhecer e alinhar as estratégias com o novo perfil do consumidor, cada vez mais informado, exigente e sustentável. Nesse sentido, é preciso vencer o desafio de uma indústria alimentícia no Brasil mais transparente.

Mostrar respeito ao consumidor e suas escolhas com campanhas claras e uma linha de produção limpa e sem desperdício é fundamental para consolidar uma imagem de autoridade no setor.

 

Conheça as prioridades da indústria alimentícia brasileira

Prioridades da indústria alimentícia brasileiraA indústria alimentícia no Brasil deve se pautar em prioridades ligadas às novas demandas de consumo e um cenário de alta competitividade. A alimentação saudável permanece como a grande tendência. 

De acordo com o relatório anual Taste & Nutrition Charts Kerry 2023, produtos sem aditivos e conservantes, baixo teor de gordura, sem gordura trans e fortificados seguem liderando a preferência do público. Os itens naturais e ricos em fibras também aparecem em alta no mercado.

O portfólio mais saudável inclui os produtos que beneficiam a saúde e o controle de peso. Itens com adição de ômega 3, cálcio, probióticos e pouca (ou nenhuma) quantidade de sódio e carboidratos se destacam.

 

Setor pede reforma tributária urgente com equiparação à OCDE

Na outra ponta, a reforma tributária é uma das grandes prioridades da indústria alimentícia no Brasil. 

Para a Abia, a questão é de grande importância para o setor e deve contemplar a integração de vários tipos de impostos, de forma a simplificar processos e ter alinhamento internacional.

A associação defende que os impostos sobre alimentos no país sejam zerados ou reduzidos ao nível da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 

De acordo com a entidade, os tributos que hoje incidem sobre alimentos no país somam em média 23%. Já nos países membros da OCDE a incidência é de 7%.

Para a Abia, é preciso que a reforma tributária veja o alimento como algo essencial para as famílias brasileiras, principalmente porque as de baixa renda são as mais afetadas pela carga elevada.

Segundo a associação, as famílias que vivem com até dois salários-mínimos usam 22% da sua renda para comprar alimentos. E 70% dos alimentos do país são consumidos pelas famílias de classe média, que recebem até 10 salários-mínimos por mês. 

 

Investimentos em P&D e marketing digital

Mais investimentos em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) e em marketing também são prioridades da indústria alimentícia no Brasil deste ano. 

Afinal, não dá mais para trabalhar no ramo industrial sem pensar no marketing digital e em todos os benefícios que ele proporciona para as indústrias. A busca por alimentos mais saudáveis demanda investimentos cada vez maiores em P&D. 

A adição de nutrientes que melhoram a qualidade de vida favorecendo a saúde dos olhos, dos ossos, redução do colesterol e o fortalecimento da memória, por exemplo, é uma exigência crescente dos consumidores.

Empresas que buscam diferenciais para conquistar esse público precisam de investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento de produtos. 

Porém, o aumento da competitividade do setor requer também investimentos em um marketing especializado. Afinal, não basta produzir, é preciso ganhar visibilidade e fazer o resultado dos esforços para chegar ao consumidor ideal. Estes investimentos em marketing devem se basear em: 

  • Comunicação personalizada e integrada, focada em um conhecimento profundo do público-alvo e da concorrência;
  • Máxima transparência de matérias-primas e processos, conquistando a confiança do consumidor e gerando expertise;
  • Maior interação digital com o consumidor, via mídias online e geração de valor através de conteúdos;
  • Análise de mercado detalhada para elaboração de um planejamento estratégico customizado.

 

Confira como a indústria de alimentos gerou empregos

Confira como a indústria de alimentos gerou empregosO setor da indústria alimentícia no Brasil é um dos que mais gera empregos. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), em 2022, o setor da indústria de alimentos gerou 58 mil vagas diretas, 3,4% a mais que em 2021, totalizando 1,8 milhão de empregos diretos. 

Do faturamento total, o setor de alimentos contribuiu com R$ 898,4 bilhões e o de bebidas, com R$177 bilhões.

O setor de delivery foi um dos que mais prosperaram desde a crise sanitária da Covid 19. 

De acordo com a Neotrust, empresa de monitoramento do e-commerce brasileiro, o setor de delivery da indústria alimentícia no Brasil aumentou 241% entre o segundo trimestre de 2019 e 2020. 

Em 2022 o crescimento ficou em torno de 18%, mesmo com a retomada do food service. Para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a alimentação fora de casa deve fechar em 2023 com um faturamento na casa dos R$407 bilhões.

Por outro lado, os dados da Abrasel mostram ainda que houve um aumento de 9,6% no salário médio do setor em 2022. Acima da média geral no período, que foi de 8,3%.

Já o segmento de alimentação de franquias faturou R$51,9 bilhões em 2022. Os dados, da Associação Brasileira de Franchising, correspondem a 24,5% de todo o faturamento do franchising nacional no ano passado. E são 31% a mais do que os números de 2021 do ano anterior.

 

Expectativas do setor

Para os especialistas do setor, é fundamental que as indústrias alimentícias no Brasil participem da formação de uma nova cultura alimentar. 

É preciso identificar e entender deficiências e tendências do mercado, participando efetivamente dos processos de transformação. Conheça algumas das expectativas do setor para um futuro próximo.

 

Maior conexão entre empresas e consumidores

A construção da nova cultura alimentar deve ser bilateral. As empresas não ditam regras, mas buscam aumentar a conexão com seu público para compreender a demanda e se adequarem. 

Para isso, é imprescindível estudar o mercado e ouvir o consumidor, buscar engajamento e um relacionamento de confiança.

 

Compreender a necessidade de novas regulações

A ótica da sustentabilidade e da saúde através do alimento deve levar a novas regulamentações, com a restrição de uso de determinados ingredientes. 

A tendência é que as exigências em torno dos produtos aumente cada vez mais em todo o mundo e de forma geral, não apenas para os alimentos voltados a públicos vulneráveis. 

 

Agricultura mais sustentável

O investimento em uma agricultura mais sustentável e técnicas amigas do meio ambiente, durante todo o processo produtivo dos alimentos, ganha cada vez mais força. 

Além de conquistar uma fatia crescente do mercado, reduz custos de produção e melhora a imagem da marca entre a concorrência.

 

Processos automatizados e IoT

A indústria 4.0 otimiza a rotina, acelera procedimentos, evita desperdícios e melhora a higiene na produção. 

A tendência faz com que a indústria alimentícia no Brasil ganhe mais confiança de seus clientes na medida em que também aumenta a segurança dos alimentos.

Já a internet das coisas (IoT) possibilita a integração de todo o sistema ao mesmo tempo em que coleta dados fundamentais para a geração de insights. 

Além disso, garante uma visão mais integrada dos processos, favorecendo a rapidez na identificação e solução dos problemas.

Essa automação ajuda a indústria alimentícia no Brasil a minimizar os problemas com os altos custos da produção causados pela inflação alta e/ou a escassez de matéria-prima.

 

Agora que você já tem um bom panorama dos caminhos da indústria alimentícia no Brasil, é hora de pensar no planejamento estratégico em marketing para os próximos meses.

Fale com a nossa equipe e tenha uma campanha personalizada para engajar seu público e aumentar seu faturamento

Publicado por Luiz Alexandre Wagner 1 de Junho de 2023
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